POR QUE E PARA QUE ERRAR PELA CIDADE?
Nascido e criado em um pequeno bairro na periferia da zona sul da cidade de São Paulo, tive toda a minha relação com a cidade definida pela perspectiva de quem está à margem, do lado de lá da ponte, dos acessos, dos serviços públicos, infraestruturas básicas, etc. Ao migrar para São Roque, deparei-me com uma cidade distinta que vai se assemelhando (como toda margem) à medida que se distancia cada vez mais do centro e dos bairros de nome em direção às regiões mais afastadas, até beirar as linhas fronteiriças municipais em outras periferias. A cada região nova, velhas constatações. Por isso, decidi errar na cidade de São Roque a fim de conhecê-la, saindo do centro para suas bordas.
Propus estar no espaço público, refazendo a pé o mesmo trajeto percorrido pelos ônibus intermunicipais que ligam a cidade de São Roque às cidades de Araçariguama, Itapevi e Mairinque, buscando me apropriar do caminhar para além das paisagens e elementos vistos/recortados pelas janelas dos ônibus. Durante a ação, realizei registros das reverberações que o trajeto percorrido me proporcionou através de fotografias digitais e anotações em caderno de artista. Ao todo, foram percorridos cerca de 70 pontos de ônibus, somando 21 horas em 40 quilômetros (km) realizados a pé, atravessando regiões urbanas, rurais e fronteiriças.
Partindo da importância de situar-se, tomei um tempo para sentar em cada banco das paradas de ônibus e registrar em desenho os elementos dispostos ali: placas, lixeiras, bancos, estruturas de madeira, telhas, animais e anúncios colados nas colunas. Todas as informações presentes encontravam-se em simbiose com os usuários à espera de um ônibus. Foi nesse instante que resolvi cartografar manualmente trecho por trecho, atendendo-me às efemeridades tão cruciais no percurso. Todos estes materiais foram transformados em curtas animações em .gif presentes na cartografia artística virtual deste site.


ÁUDIO-DESCRIÇÃO






